intro — é necessário voltar ao começo.

bia abreu
3 min readMar 20, 2024

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ecoa como um mantra na minha cabeça

“Quando os caminhos se confundem, é necessário voltar ao começo

Não sabe pra onde ir? Tem que voltar pro começo

Pra não perder o rumo, não pode esquecer do começo.”

é, emicida. voltei pra onde tudo começou. onde os devaneios, as crônicas, os desabafos, os testes, as angústias e os sonhos começaram a ganhar forma.

foi aqui mesmo, com essa mesma página em branco, que há uns treze anos atrás o prelúdio da minha vida escrita nasceu: uma crônica sobre princesas que não querem mais ser princesas. princesas que cansaram de viver em busca do felizes para sempre e se rebelaram contra o sistema. uau! quanto empoderamento na adolescência! uma ode ao feminismo no auge dos meus quatorze anos. é bom olhar para trás e perceber que meus valores, por mais que tenham se modificado, não se aboliram no meio do caminho.

acho que não é preciso um disclaimer sobre o tema da trama ser anos luz mais forte que as palavras escolhidas para contar essa história na época, né? mas isso não vem ao caso. a questão é que é uma pena ter perdido essa crônica. seria bom ver todos os caminhos que eu escolhi seguir, os diálogos que eu desenvolvi. dentro da pouca excelência que existia naquele texto, lembro que existia muito mais leveza sobre o ato de escrever. menos compromisso com o acerto. menos importância à crítica alheia. menos peso no ato de criar. era fluido. essa fluidez se perdeu com os anos, com a vida adulta, com os sonhos, com o capitalismo, com a ansiedade… ela foi ficando para trás, junto com a memória de como era gostoso ter liberdade criativa para ser e existir no mundo da forma que eu bem entendesse.

escrever é tão libertador quanto é aprisionador. às vezes me sinto presa no meu próprio pensar, que só de imaginar ser transformado em palavra cria uma casca tão grossa que vira quase inacessível.

se hoje em dia desenvolver diálogos segue sendo um desafio, imagino como era naquela época! ou melhor, imagino como devia ser bom escrever sem o medo de estar errando.

essa é a questão envolta em monetizar hobbies. escrever era meu hobbie e eu amava tanto escrever, amava tanto arte, cinema, teatro, entretenimento, que virou minha profissão. e escrevendo para os outros eu sou ótima! quer pautas para o seu canal? eu trago. quer pesquisas? eu faço. quer roteiros? eu crio! quer criar um formato inédito? eu desenvolvo! em algum momento, fazer para o outro se tornou mais fácil do que fazer para mim.

vamos ser sinceros? escrever é algo íntimo. é pessoal. é interno. cada escolha de palavras, cada vírgula, cada caminho narrativo que eu escolho refletem quem eu sou. refletem como eu enxergo e me posiciono no mundo. escrever é um ato expositivo. agora pense só em como é escrever com ansiedade. é pensar em todas as possibilidades de como o mundo vai receber a minha visão sobre as coisas. o que você vai achar (ou deixar de achar) não só sobre minha estilística, mas sobre o meu posicionamento…. pensar e se apresentar artisticamente no mundo não é fácil.

em um produto desenvolvido para outra pessoa, eu trabalho através de um briefing que reflete a visão do que aquela pessoa espera receber de mim. e com briefings eu sou ótima! mas e sem o briefing, quem sou eu? sem o briefing, o que move a minha escrita hoje em dia?

por isso que ecoa: é necessário voltar ao começo.

eu quero compartilhar a verdade que existe por trás do processo criativo, aprender e me desenvolver com a minha própria reflexão — não linear, sem rumo e sem amarras. e quero trabalhar para que o seu julgamento quanto ao meu julgamento não me impeça de expor ele.

voltei ao começo em busca da beleza, da simplicidade e do frescor que o meu eu passado sentia ao escrever — sem peso, sem medo.

espero que esse seja o primeiro de muitos devaneios nessa página.

axé,

bia. (:

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bia abreu

escrevo para que não me engasgar com palavras não ditas.